Ba-Bahianas é impedida de desfilar nas ruas do centro e praia do Gonzaguinha
Pedrinho Spilotos a esquerda, 89 anos de pura tradição |
Este ano não
começaremos nossa abordagem falando do melhor do carnaval da Baixada
Santista, pois tivemos eventos lamentáveis, que infelizmente
cercearam o direito do povo Vicentino de forma arbitrária e
inconsequente. Andando na contramão da historia, a cidade de São
Vicente, de forma arbitraria, varreu do calendário a folia
de momo e todos os seus festejos e acabou por ganhar negativamente as
manchetes dos principais jornais da região. Alegando estar cumprindo
uma ordem judicial os dirigentes da cidade, cada um em seu grau de
responsabilidade, simplesmente se omitiram e ignoraram a parte da
população, que além de gostar do carnaval, depende dele para
sobreviver. Apoiados em uma liminar judicial, que supostamente
proibia as manifestações publicas nas ruas da cidade, os
governantes, aproveitaram para mostrar as unhas e a mão de ferro do
estado. Como que a lembrar a ditadura, onde aqueles que detinham o
poder, oprimiam com a mão armada do governo a população menos
abastada; os mandatários do poder acuaram o povo e proibiram o
carnaval na cidade. Enfileirados, os agentes do estado, fizeram valer
sua vontade, inibindo e coagindo a população, que por ventura se
manifestou, buscando na folia de momo alguma diversão. Um dos
eventos, visado pela horda, que não soube interpretar a sentença
judicial, foi o desfile do maior bloco carnavalesco da Baixada
Santista, o das Ba-Bahianas Sem Tabuleiro, que normalmente reúne
mais de 100 mil pessoas e que é tradição na região. Formado em
1936 e completando 74 anos, carrega consigo a tradicionalidade do
carnaval critico, onde a sátira política está sempre presente, e a
irreverencia é a característica dos foliões. Pessoas como o seu
Pedrinho Spilotos, folião de 89 anos, que não perde um desfile se
quer.“ Não perco um desfile, essa energia me faz muito bem, e me
faz relembrar o meu tempo de menino. Deixar de sair no bloco das
Bahianas e o mesmo que negar uma parte da minha historia de vida e da
cidade de São Vicente”, desabafa Pedrinho. Municiados de uma força
tarefa policial, como nunca vista na cidade, os mandatários do poder
procuraram inibir a população, que não se intimidou. Mostrando
que tradição se mantem com respeito e consciência as pessoas
começaram a concentração como de costume a frente do campo
Mansueto Pierotti, de onde tradicionalmente sai o desfile. Cercados
por um forte esquema policial e por dezenas de agentes de transito o
único trio elétrico, disponibilizado graciosamente pela empresa Som
Time, teve que ser vistoriado antes de prosseguir. Afronta , o bloco
que tradicionalmente desfila pelas ruas do centro da cidade, onde é
ovacionado pela maioria da população, em direção a praia do
Gonzaguinha, este ano teve seu trajeto alterado. Os foliões na sua
grande maioria oriundos dos bairros mais pobres, tiveram seu direito
de livre expressão ignorados, foram empurrados de volta para
periferia, forçados a desfilar e percorrer as ruas do bairro, pois
os ricos, aqueles que moram e vivem na praia, estes tiveram o seu
direito preservado – o de ir e vir livremente – pela tal liminar
e pelos agentes mandatários do governo. Vigiados de perto pela força
policial, os contribuintes, as crianças e adolescentes, foram
ensinados que a força do estado age sempre de acordo com a
legalidade. O que ninguém soube explicar, foi a concentração de
grupos criminosos no meio da multidão, fazendo uso de entorpecentes
e de bebidas alcoólicas, inclusive com menores, a poucos metros dos
policiais. Outro fato curioso foi a concentração obstruindo a via
publica, Av. Marques de São Vicente, por um grupo que continuou a
farra depois do desfile, e seus integrantes depois de alcoolizados,
passaram dirigindo por vários policiais e ainda deram tchauzinho.
Algumas pessoas indignadas, que não quiseram se identificar, pois
ficaram com medo de represálias, uma vez, que para as pessoas de
bem, tem Lei e Ordem, já para os traficantes e a corja do mal -
estes parecem continuar a dominar a cidade - reclamaram da impunidade
e saliência dos marginais, pois parecia que os policiais ou estavam
com medo dos delinquentes ou faziam vistas grossas ao abuso, coisa de
se estranhar.
Fotos do bloco em breve neste link
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